(Visão literária do escândalo da Operação Monte Carlo e dos questionamentos feitos por alguns parlamentares ao Procurador-Geral da República)
(Local, 'Delegacia de Polícia', com uma balança da justiça de cabeça para
baixo, na parede do fundo. Na sala, dois criminosos, com máscaras mas muito bem
vestidos. um deles com pinta de delegado, sentado a mesa. O outro em pé ao lado
do interrogando, o PGR.)
- Nome?
- Roberto Monteiro Gurgel.
- Profissão?
- Procurador-Geral da República.
- Pois bem cidadão. Recebemos uma denúncia aqui de que o senhor anda
investigando...digo, não anda investigando crimes que deveria
investigar...
- Eu não entendo... O que está acontecendo aqui?
- O senhor está sendo acusado e deve responder às perguntas. Queremos
ouvi-lo...
- Mas vocês não são da polícia, nem do ministério público!
- Isso não vem ao caso. O senhor tem que falar porque não investigou esse
caso.
- Mas eu investiguei...os inquéritos e as medidas policiais e judicias
foram e estão sendo adotadas... Eu não conheço vocês de algum lugar?
- Não.
- Acho que conheço sim... de um processo talvez... vocês não têm amigos
naquele processo...
(safanão)
- Presta atenção que podemos lhe prejudicar muito, a você e a sua família,
é melhor não mexer com a gente... O senhor sabe que temos muito interesse nessa
investigação. Essa sua postura é muito grave.
- Eu ainda acho que, como Chefe do Ministério Público Federal e como
titular desta ação, era eu que deveria estar fazendo as perguntas a respeitos
dos crimes cometidos... Mas vocês acusarem o acusador é um absurdo. Um amigo
meu, gaúcho, diria que em horas como essas parece que são "os postes estão
mijando nos cachorros".
- Discordo. Nós sacamos primeiro e o convocamos antes. Quem mandou
demorar...
- Eu estava investigando e processando, como sabem, isso é muito
trabalhoso. Vejam por exemplo esse caso do mensalão, são milhares e milhares de
documentos...
- Não mude de assunto, nós que o estamos interrogando agora!
- Tenho uma curiosidade: como vocês conseguiram marcar esse
interrogatório?
- Mágica! Mas falando sério, não concordas com a gente que é uma ótima
estratégia essa de interrogá-lo logo agora que estás avançando no trabalho? Como
tem um monte de gente na lama, o público vai achar que você é mais um... e aí
nossos amigos escapam.
- De fato, é inteligentíssimo. Mas não é honesto.
(PGR levanta-se. Interrogadores surpresos.)
- Bem... Desculpem-me, mas eu preciso continuar o meu trabalho.
(PGR sai)"
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