Anatole queria ser
engenheiro,
Rebeca queria ser
médica,
Domenico queria ser
empresário,
Jadirson queria ser
arqueólogo,
Eu queria ser.
Mas eu não era?
Desisti de ser,
Decidi que eu queria
ter.
Anatole queria ter uma
mulher-princesa,
Rebeca queria ter uma
casa na praia,
Domenico queria ter um
carro conversível,
Jadirson queria ter uma
biblioteca.
Eu queria ter.
Mas eu tinha.
Desisti de ter.
Decidi que eu queria
entender.
Anatole agora queria
entender porque sua mulher não o entendia,
Rebeca queria entender
porque sua casa não era um lar,
Domenico queria
entender porque seu conversível não o levava aonde ele mais precisa
ir,
Jadirson queria
entender porque que o conhecimento dos livros serve e não serve ao
mesmo tempo.
Eu queria entender.
Mas não entendia.
Desisti de entender.
Decidi que queria
esquecer.
Anatole queria esquecer
que os corações sangram bem mais sangue do que há no corpo,
Rebeca queria esquecer
quem a esqueceu,
Domenico queria
esquecer que os seus bens eram agora os seus senhores,
Jadirson queria
esquecer que o passado esquecido é destino.
Eu queria esquecer...
Consciência.
Ecoam fantasmas dos quentes sonhos sonoros,
Da criança que envenena o velho,
Que não é,
Que não tem,
Que não
entendeu,
Que não esqueceu.
Aureo,
ResponderExcluirAcredito que a ideia central do texto consiste nos erros cometidos ao longo das nossas vidas, quando escolhemos os valores que devem norteá-las. Cada um obtém como resultado a consequencia dessas escolhas.
Assim, quando se prefere o ter ao ser, deve-se assumir o preço dessa decisão. Os sonhos idealizados deixam de ser a motivação da vida... A vida sem sonhos é vazia, por isso a criança envenena o velho. Nada somos, se nada desejamos com intensidade e de verdade no campo do ser. Se preferirmos o ter ao ser, realmente não seremos nada.