sábado, 20 de outubro de 2012

E se vivêssemos todos juntos? (Et Si on Vivait tous Ensemble?)

Tudo começa com pequenas luzinhas bonitinhas e esvoaçantes.

A FÚRIA.

Você já teve uma explosão de raiva, e chamou a vida para a briga? Você faz isso bastante? Ela vem? Você já pensou que, um dia, estranhamente, ela não virá mais quando chamar?

(Virá quando bem entender).

Você tem uma avassaladora paixão por Justiça, por Igualdade, Fraternidade e  por um Mundo maior, menos mesquinho?

Pois saiba que existe algo simples para matar essa fome. Não vou contar, mas é uma coisa que faz um velho ter a sorte de um moço.

Apesar do alívio momentâneo, quisera eu que as coisas fossem tão fáceis. Mas para os nascidos sob o signo da luta, do controle, do poder e da raiva, é natural que passem a vida toda nesse caminho, sem cogitar a saída honrosa da covardia. Mas um dia você será confrontado com ela e terá que escolher.

O DESEJO.

Seios grandes: não é que você vai construir sua vida toda em cima deles, mas são um ótimo começo.

Alguns de nós, vivem uma paixão pela beleza. Ela vive em nossos olhos, nos leva para passear quase todos os dias, dorme em nossa cabeceira, mas não na nossa cama - como dorme com os outros.

Por isso, quando eu for velho,
Num extenuante encontro sexual na escada,
É provável que eu cante para minha companhia:

ô ô ô ô ô ô,
assim voce mata o vovô,
ô ô ô ô ô.

Depois, acamado, não quero que cuidem de mim.

E não me ameace: Já vi amarrarem um balão rosa num velinho e ele ficar ridículo, mas isso não vai me intimidar.

O ADEUS.

Jeanne, Jane Fonda, Barbarella... a todas, um brinde, com um bom vinho francês.

Ai que saudade daquele passado viçoso, mas pelo menos hoje, para quem não nasceu ontem, dá para olhar melhor, e ver quando uma coisa importante está acontecendo.

Como teu marido, optei por nós, a custo da minha consciência e de nossa cumplicidade, e agora olho para você e sinto uma terrível e antecipada saudade; vou arrancar esta página e ainda assim não vai adiantar...

O tempo é precioso, e quando acabar, é bom que deixemos mais coisas boas que ruins para os outros.

Um último brinde à fonte invertida e borbulhante do esquecimento, dos bons e dos maus momentos.

E por fim, como jovens lúcidos, sairemos loucamente a procurar, aquilo que não podemos encontrar, porque... a vida não é apenas dura, mas bela também.


Baseado no filme "E se vivêssemos todos juntos? (Et Si on Vivait tous Ensemble?):



Um comentário:

  1. "é bom que deixemos mais coisas boas que ruins para os outros" - que lindo seria se nosso desejo bastasse para fazer felizes aos nossos! Mas conviver é isso: afaga e machuca! E o tempo guarda a marca de ambos; teremos que lidar com isso!

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