domingo, 5 de dezembro de 2010

VIAJANDO PELO MUNDO RICO.

Vivemos num mundo muito rico. A Terra é rica, e não estou falando de dinheiro, mas de momentos e encontros. Mas 'muito rico' aqui não quer dizer maravilhoso, porque há muita dor, muitas injustiças e muita merda também (a gente não gosta nem de ouvir esse “nome” sujo, e quanto à merda em si, queremos dizer que o seu cheiro é culpa do ralo, mas como já perguntaram: “e quem é que usa o banheiro e alimenta o ralo”?).
Há pelo menos tantas porcarias, dos mais diferentes odores e feiuras, quanto beleza, bondade, amor e amizade. Mas, somando tudo,comunicado em todas as línguas, vivido em todos os lugares, praticado em todos os tempos, vivemos, definitivamente, no planeta mais rico do Universo, isso dentre os milhões (serão milhões?) de planetas existentes.
Somos ricos enfim, embora a riqueza não se traduza apenas por felicidade e haja uma recorrente tristeza imposta por um mundo que faz sombra inafastável (como ninguém consegue se afastar da sombra, isso é redundante?) aos nossos sonhos e desejos.
Falando da parte desta riqueza que corresponde à felicidade - porque sendo a tristeza inescapável como é, não precisamos buscar encontrá-la - se cada pessoa pudesse e se dispusesse a, durante toda a sua vida a, apenas aprender e aperfeiçoar o receber e o dar das mais variadas belezas e coisas, ainda assim, não poderia realmente usufruir senão uma pequena parte dessas coisas.
Quem sabe o que a música causa em nós, sabe que senão todas as pessoas, pelo menos a maioria deveria ter pelo menos algum dom musical desenvolvido. Quem já viajou para um país de língua estrangeira (Romênia, por exemplo), gostaria de saber falar pelo menos uma língua, mais universal, que lhe permitisse entrar em contato com as outras culturas.
Mas que língua seria essa? Nem mesmo o inglês chega perto de ser tão universal quanto a música ou outra arte popular que, não importa onde tu estejas, fala aos outros e te permite que os outros, através de suas reações, te falem também.
E o que dizer da riqueza do álcool? Não apenas da infinidade de variações de um mesmo tipo ou de variações de tipos de bebida; mas da riqueza de situações humanas de que o álcool participa. Como dissemos, a riqueza não é apenas boa e há acidentes, brigas, mortes, doenças e outros sofrimentos associados ao consumo do álcool, mas também há a permissão para que a parte natural do animal-homem respire, com um resfôlego, um pouco acima do peso da cultura, da moral e do cotidiano que o soterra.
É um mundo rico porque se viajas, podes encontrar idiotas tão grandes quanto existem em teu próprio país, aliás, podes encontrar idiotas ainda mais idiotas (porque não vais viver no mesmo mundo pequeno que vives em sua pátria, e este será o teu referencial comparativo).
Vais também encontrar pessoas que parecem idiotas mas não são. Pelo seu drama pessoal (a riqueza do mundo faz-se a encontrarem pessoas-momentos felizes e tristes) ou cultura, não conseguem ou não querem lembrar, conhecer ou compartilhar, na riqueza da vida, o momento do outro.
Mas também existem as pessoas especiais, que vais conhecer, às vezes por um pequeno momento, em um simples gesto de educação, solidariedade, amizade ou, enfim, simplesmente, humanidade, que sabes que será apenas por aquele momento e que possivelmente nunca mais a verás. É um mundo tão rico que uma situação tão significativa pode acontecer milhares de vezes, desde que tu tenhas a presença de espírito e corpo para o vivenciar.
É um mundo para aprender, para sorrir, para ansiar, sofrer, desejar, conversar, conhecer, experimentar, surpreender-se.
Mas há algo a fazer quando descobres a beleza e a riqueza do mundo: O que o mundo pede à riqueza, é que ela circule, pois não se cria e não se mantém riqueza sem que ela seja compartilhada, pois a riqueza não é um objeto, é um estado, um modo, ou uma condição, das coisas e das pessoas, que se partilham com as outras coisas e pessoas. Isso é o reconhecimento de um lugar para a 'economia da felicidade', ao lado das atualíssimas 'economia da informação' e 'economia comportamental' (financista).
Dando ou recebendo, não importa a sua ênfase, até porque “é dando que se recebe” e “cada uno dá, lo que recibe, luego recibe lo que dá”, circule a riqueza do mundo que se encontra a sua disposição, ao seu encargo, responsabilidade e usufruto.
A ti, leitor, por fim, desejo Verdade, Realidade e Beleza, enfim, o que já tens.

Um comentário:

  1. Tens muita razão ao tratar a música como a linguagem universal do compartilhamento e da compreensão. Onde quer que estejamos, nos mais inusitados lugares, nas mais variadas situações, ela nos permite estar com o outro, vivenciá-lo, apreendê-lo. Enfim, a música é um bom lugar de troca, no qual todos saem ganhando!

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