quinta-feira, 17 de junho de 2010

A deusa e a marionete.

Uma Deusa da Vida governava um reino celestial, como tantas outras deusas fazem em tantos reinos destes que existem por aí – a olhos não vistos – em cada esquina do universo.

Um golpe de Estado, pelos malvados de plantão, colocou seu coração a prêmio e sabe-se bem que o coração é a cabeça de toda deusa da vida; ela para se proteger fugiu escondida dentro de uma semente, pois tomar formas variadas é coisa dos deuses.

Veio parar mais distante do que imaginava, no planeta Terra e, não podendo revelar-se em sua incendiária beleza e natureza às pessoas, resolveu adormecer, ainda como semente, em um corpo de uma menina.

Ao longo da vida de menina que se transformava em mulher, esta tornou-se um terreno irregularmente fértil, algumas áreas pedregosas, outras arenosas e outras espinhosas, mas na terra fértil, ahh, como crescia o amor.

A deusa, respeitando a natureza da hospedeira, floresceu também irregularmente luminosa: quando a mulher falava, andava, gesticulava, pensava e amava, alternava ou misturava a mais pura luz com águas turvas.

A mulher-moça que portava esse incêndio todo de vida, já escorria amor e vazava luz pelas frestras que se abriam em seu delicioso corpinho (e a todos encantava com isso), mas a deusa sentiu que dar mais àquela mulher seria matá-la. Por outro lado, simplesmente sair dela não seria crueldade menor.

Como fazer para que a vida ficasse nela e saísse dela ao mesmo tempo, para preservar-lhe a vida do excesso e da ausência de luz? A deusa, a pedido de Maria, deu-se lhe então, em seu ventre, mais de seu sêmen, e neste, a promessa de uma companhia para dividir com ela o fardo e a aventura de portar a vida e o amor.

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