quinta-feira, 24 de junho de 2010

- Ei, tu aí, senhor(a) de si!

Veja a unha:
ela sobe e desde,
sobe e desce,
e no movimentar-se do dedo

ela sinaliza chamando para vires ao mundo meu,
ou ir-te ao mundo teu, mas - idiota,
- puta que pariu! - sai da porra de cima deste muro,
antes que minha unha insana em ti se crave

laboriosa e criadora de purulenta ferida
a causar pútrida chaga em tua leitosa consciência hipócrita e presunçosa;
antes que o dia se acabe
com minha unha traçando no céu linhas vertiginosas do teu destino alado,

deposto e encarcerado,
na caixinha de lembranças na qual pensas escondê-lo,
para que ninguém o leve,
como se alguém pudesse querer algo nessas condições tão desgraçadas;

ó bardo beduíno de alma exilada no monumental, ainda não sepulcral,
deserto onde florescem, frutificam e desabrocham,
em mirabolante quantidade e qualidade,
todas as tuas espécies proprietárias de princípios morais e de honra,

mas é lugar triste, onde vagam almas e fantasmas,
assombrando uns aos outros,
onde não se concebem lágrimas ou gargalhadas,
para fender o solo seco do teu coração,
suportado pelo subsolo de água parada que se recusa a subir,
e que lentamente apodrece a tua vida.

se fosses apenas alguém superficial,
os cuidados obsequiosos com o corpo disfarçariam o cheiro!

2 comentários:

  1. Nada como o final hollywoodiano da versão recente pra que a (vã?) esperança permaneça.....pílulas azuis, uni-vos!

    ResponderExcluir