quarta-feira, 16 de junho de 2010

a vida da caixinha acaba no caixão

Uma folhagem tipo savóia nasceu dentro de uma caixa cigana vertida de tecido avermelhado. as outras caixas ao redor encheram-se de inveja: ora, quem ela pensa que é para nos humilhar dizendo que não somos uma boa caixa só porque não nos nascem verdinhas plantas? só porque nosso vazio não transborda?

- pois terás um triste fim, amaldiçoou-a a caixa anciã.

- E nesse momento não terás mais tua plantinha vaidosa e intrometida para te enfeitar. nisso ouviu-se uma estonteante música de um violoncelo.

A folhagem dançou para o seu amor, mas as caixas e as caixinhas mantiveram-se senhoras de seu destino. cada uma delas balbuciava baixo que sua alegria de vida não lhes demorava a chegar: encontrariam todas e cada uma por si, um caixão que lhe abrigasse, e por todos os tempos vindouros, ali com-nele sossegar, aninhada e protegida, da maldade do mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário